Resistência ou indiferentismo à modernização administrativa?
Artigo publicado na Revista
Obreiro Liderança Pentecostal,
CPAD. Rio de Janeiro/RJ,
Ano 24 - n° 18 - Abril/2002
p. 36-43.


INTRODUÇÃO

Há meses, entrando no escritório de uma pequena empresa, vi uma escriturária, paciente e cuidadosamente, intercalando papel carbonado a folhas brancas retiradas de uma resma de papel ofício. Sobre sua mesa, havia uma relação de preços de produtos, supostamente a serem atualizados com a ajuda da velha Remington teimosamente disposta sobre uma banqueta de datilografia.

Meu ar de surpresa com aquela cena levou o empresário a comentar, em tom de desculpas, que ainda não tivera “condições” de modernizar sua Firma.

Uma velha mania professoral levou-me a pensar, em forma de questionamento, se a falta de “condições” alegada por aquele empreendedor de meia idade tinha a ver com a escassez de recursos financeiros ou com limitações de competência gerencial?

Olhando ligeiramente pelo visor envidraçado, continuei investigando se, na pequena equipe de funcionários, havia alguém que demonstrasse indícios de modernidade no trabalho. Deixei prá lá, afinal estava ali para tratar de assuntos da igreja e não para prestar consultoria na área de gestão empresarial!

Entretanto, lembrar de igreja num momento como esse é sintomático. Afinal, na gestão dos negócios do Reino, muitos usam processos e ferramentas tão obsoletos que só este particular justifica a ineficácia das administrações eclesiásticas.

Excluída a conhecida e dolorosa contingência financeira das igrejas (pelo menos, na maioria delas!), restam alguns fatores determinantes da resistência ou indiferentismo à modernização administrativa. Entre esses, estão o conservadorismo exacerbado da liderança eclesiástica, o despreparo dos recursos humanos e a falta de equipamentos tecnologicamente mais avançados, na execução das tarefas do dia a dia.

Quanto ao primeiro fator, é forçoso dizer que são inadmissíveis as posturas extremadas de certos líderes, desprovidas de fundamento bíblico, que defendem a manutenção de padrões e comportamentos retrógrados em nome de uma pseudo conservação de "marcos antigos", alguns dos quais, no mínimo, são de natureza duvidosa.

Só para fixar melhor essa idéia, há igrejas que mantém práticas administrativas e modelos de gerência há muito superados, nos quais técnicas elementares de organização são confundidas com "mundanismo" e a mínima participação de qualquer pessoas - que não seja o pastor - no processo decisório é usurpação do poder do "ungido do Senhor".

Evidentemente, os líderes eclesiásticos de hoje devem primar pela ortodoxia doutrinária; entretanto, para interagir na sociedade moderna, enquanto organização, a igreja terá que superar-se em diversos quesitos, visando à modernização do seu processo de gestão.

Feitas essas considerações introdutórias, sigamos na análise dos outros fatores já citados.

1 - QUALIFICAÇÃO DE PESSOAS

Uma das variáveis que definirão as organizações vitoriosas no cenário de alta competitividade deste início de século será a qualidade do pessoal em atuação, especialmente, no nível estratégico. A curto prazo, os administradores eclesiásticos deverão proceder, uma revisão na forma de preparar obreiros, principalmente os que lideram departamentos e órgãos paraeclesiásticos.

É notória a falta de prioridade dada à capacitação do pessoal administrativo, nas organizações evangélicas. Lamentavelmente, em pleno século XXI, milhares de igrejas e entidades afins continuam entregues a pessoas que jamais receberam um simples treinamento em suas funções. Importantes decisões são tomadas com base no empirismo gerencial, da mesma forma que boa parte dos púlpitos são ocupados por obreiros que nunca tiveram a oportunidade de freqüentar um curso teológico!

Numa época em que a sociedade se caracteriza por profundas mudanças e rápidas transformações, na qual as organizações têm tantos desafios a responder, é um grande milagre a sobrevivência de algumas igrejas cuja liderança é escolhida sem considerar o critério da qualificação e da competência das pessoas.

Sabe-se que essa não foi a lição dada pelo Fundador da Igreja, nem por seus seguidores imediatos, há dois milênios atrás.

1.1 - As lições do Mestre Jesus e dos Apóstolos

As transformações que Jesus Cristo determinou em sua época estão registradas nas páginas dos Evangelhos, nos Atos dos Apóstolos, no acervo histórico e nos escritos de muitos outros homens que se dedicaram ao registro dos fatos e à compreensão dos feitos que assinalaram a presença do Nazareno, entre nós. Há ensinos preciosos que transcendem as limitações do tempo e da geografia, permanecendo atuais.

Enganam-se os que vislumbram em Seu discurso e em Sua ação um objetivo exclusivamente religioso, da mesma forma que iludiram-se os que Nele buscaram um Messias eminentemente político. É Indubitável que na ‘religação’ do homem com Deus está o cerne de sua missão; porém, o Filho de Deus soube compreender a humanidade em seu universo de necessidades, vendo o homem como um ser holístico, com suas carências físicas e espirituais; religiosas e políticas; morais, afetivas e sociais.

No legado à igreja que edificou sobre Si próprio, Ele deixou o exemplo da capacitação das pessoas que seriam responsáveis pela extraordinária Obra de evangelização do mundo! A revisão da história, em termos atuais, permite dizer que Ele, pessoalmente:

  • procedeu a seleção do pessoal que necessitava para compor Sua equipe (cf. Mt 4.19; Mc 1.17);

  • ministrou ensino de base, mesclando teoria com prática, utilizando técnicas e recursos pedagógicos ainda não definidos em sua época (cf. Mt 4.24; 7.29; 14.14; Mc 1.22);

  • dirigiu treinamentos individuais e em grupos (cf.  Mt 14.15-21; 25-32);

  • realizou ‘congressos’ e ‘seminários’, visando ao aprofundamento espiritual e ao desenvolvimento pessoal de Seus discípulos (cf. Mt 5, Lc 6);

  • efetuou avaliação e procedeu a promoção dos melhores entre eles (cf. Lc 6.13);

  • orientou o planejamento de ações conjuntas e dirigiu encontros reservados, visando à transição da gerência da Grande Obra (cf. Mt 26:17-18; Mc 14:12-16; Lc 22:8-13);

  • encaminhou grupos para ‘estágio supervisionado’ (cf. Mt 10; Lc 10.1-17);

  • por fim, celebrou o ato de ‘diplomação’ e entregou à sociedade a equipe que haveria de procedê-Lo (cf. At 1.8; 21-41).

Consciente, competente e objetivamente, Jesus Cristo estruturou uma igreja capaz de enfrentar os tremendos desafios e as incertezas de sua época. Em meio a uma sociedade adversa – em alguns instantes, sangrenta e hostil -, os Apóstolos foram vitoriosos, tendo como base três elementos: uma fé inabalável naquele que os enviou; um sólido corpo doutrinário que eles próprios consolidaram; e uma equipe altamente qualificada e motivada.

Os Apóstolos reeditaram a lição do Mestre. Quando chegou o momento da transição, já haviam preparado a geração dos "Pais da Igreja". Nada menos que três discípulos de João e um de Paulo assumiram a liderança da igreja em destacados centros do cristianismo da época: Clemente, em Roma; Inácio, Papias e Policarpo, respectivamente, em Antioquia, Hierápolis e Esmirna.

A este homens coube fazer a "ponte" entre a Era Apostólica e a seguinte; e preparar uma nova geração que viria a substituí-los, anos após, seguindo o exemplo dado pelo Senhor.

1.2 - As lições do Saber Contemporâneo

A questão do desenvolvimento e da capacitação de pessoas para atuar no nível gerencial das organizações assumiu tal importância que a preocupação acadêmica já vem sendo: "quem treinará os treinadores?" A esse respeito, o diácono e PhD em Administração, Prof. Arimatés, alerta para "a importância de que haja uma conscientização nas organizações, no sentido de que os profissionais que lidam com a área sejam melhor qualificados para uma atuação mais eficaz no atual momento de turbulências e mudanças." (OLIVEIRA, 1987).

Com o olhar posto no terceiro milênio, o citado autor já recomendava quanto ao perfil desse profissional:

1. "sob pena de não sobreviver, deverá ser, antes de tudo, muito bem qualificado e atualizado";

2.   "deverá ter, também, uma visão do todo dentro da organização, já que a gestão de pessoas permeia todas as áreas... Isto significa ser generalista em vez de especialista";

3.   que participe de programas de treinamento de alto nível, nos quais novos horizontes lhes sejam abertos, mantenha sua compreensão de que é um agente de mudanças "responsável pela transformação dos atuais paradigmas ou padrões para adequação às mudanças necessárias, tanto do ponto de vista pessoal como organizacional."

É notável o potencial humano que há nas igrejas evangélicas. Em qualquer parte do vasto território nacional, encontram-se pessoas da mais alta estirpe intelectual e cultural. Não é difícil identificar esses valores e conquistá-los para atuação no nível estratégico da administração eclesiástica, em ações de planejamento e gerência superior, quase sempre privativas do Ministério, cujos integrantes nem sempre têm a devida qualificação.

Nesse grupo, estão os administradores das áreas de pessoal, finanças, material e serviços; os assessores de planejamento, comunicação e marketing; os diretores de instituições de ensino, assistência social, radiodifusão e televisão, entre outros.

É óbvio que os cargos ministeriais e funções assemelhadas devem ser exercidos por pessoas vocacionadas por Deus e devidamente consagradas ao Santo Ministério. Porém, a equipe gerencial  deve ser recrutada pelo critério da qualificação, atendidas outras exigências julgadas relevantes pela liderança da igreja.

Constituída a equipe, o responsável pelo programa de capacitação deverá identificar as necessidades de cursos e treinamentos, tendo em vista os objetivos, os procedimentos operativos e as restrições impostas à igreja por seu ambiente interno e externo, em um determinado período.

O ideal é que o programa de capacitação seja extensivo a outros segmentos, como os níveis intermediários, responsáveis diretos pela realização das atividades da igreja. Preparar melhor esse contigente significa, na prática, melhorar o serviço prestado aos santos irmãos e à sociedade em geral.

Experiência nesse sentido foi realizada em Natal, quando este autor era Secretário Geral da Igreja. Em menos de um ano, planejou-se e executou-se um programa de informatização, tendo como passo inicial a capacitação de pessoas. Utilizando potencial humano docente da própria igreja e infra-estrutura contratada a uma escola de computação, foi ministrado um curso sobre as principais ferramentas usadas no dia a dia das organizações. Foram habilitados cerca de vinte obreiros, entre os quais pastores, diretores e funcionários administrativos. Imediatamente após, a igreja implantou uma rede de computadores e procedeu a informatização de seus serviços de secretaria, tesouraria e departamentos da administração.

Em conseqüência, igreja iniciou-se na Internet, divulgou o seu 'site' e passou a usar o correio eletrônico. Inúmeros membros e congregados expressaram a satisfação que sentiram por sua igreja ingressar no universo da modernização e do desenvolvimento organizacional.

O investimento feito na capacitação de pessoas gera retorno imediato em favor da Obra!

2 - INFORMATIZAÇÃO DE IGREJAS

A humanidade jamais desenvolveu uma ferramenta que mudasse em tão pouco tempo e de forma tão profunda a vida das pessoas e das organizações como o computador. É impressionante como rotinas seculares foram radicalmente alteradas em função das facilidades e benefícios advindos da informatização. Produtos considerados modernos e avançados tornaram-se obsoletos ante a revolução tecnológica ocorrida no final de século XX.

Se, no setor produtivo, a automação possibilitou a melhoria da qualidade com maior produtividade e a tecnologia da informação encurtou distâncias e propiciou um extraordinário avanço no processo da globalização da economia; o desenvolvimento da inteligência artificial, porém, não produziu a almejada elevação no padrão de vida da população, nos níveis esperados para vários segmentos.

De igual forma, nem todas as organizações absorveram as inovações tecnológicas. Umas, por falta de recursos para os investimentos necessários; outras, por despreparo ou razões culturais. Entre estas, algumas igrejas permanecem à margem da informatização, mercê de uma resistência que têm origem numa cultura religiosa ultraconservadora.

2.1 - Computador na igreja: ferramenta de Deus ou do diabo? Modismo ou necessidade?

Quando questões como esta são postas em uma discussão, vêm à minha lembrança as célebres querelas sobre rádio e televisão, no meio evangélico. Quem já não ouviu falar de episódios lamentáveis nos quais crentes fiéis foram "disciplinados" pelo simples fato de terem em suas casas aparelhos de rádio ou, mais recentemente, de televisão? Passados não muitos anos, alguns algozes dessas exclusões usam esses mesmos veículos para anunciar o Evangelho e promover suas igrejas!

Extremismos desse tipo, felizmente, estão destinados ao folclore e vão se constituindo exceções à regra comportamental, no contemporâneo meio evangélico brasileiro. Há indicativos de que os ventos da racionalidade cristã que permeiam as Escrituras estão moderando os ânimos mais exaltados, indicando caminhos nos quais os excessos de puritanismo e de mundanismo são posturas ideológicas de minorias em extinção.

Afinal, a fé cristã exige posicionamento maduro e equilibrado ante a evolução da técnica e da ciência – ambas dadas por Deus à humanidade. Somos homens de Deus a serviço da expansão do Reino e nada devemos temer, exceto desagradar ao Espírito que norteia nossas decisões!

O computador - a exemplo do rádio e da televisão - não é instrumento de Deus nem do diabo; é uma poderosa ferramenta desenvolvida pelo homem que tanto pode ser usada a serviço do Bem como do Mal. Dois exemplos ilustram essa verdade. Primeiro, os bicheiros brasileiros e o crime organizado em todo o mundo, usam mais o computador que escolas e universidades. Nesse caso, tem-se a ferramenta a serviço do inferno e da morte; segundo, os computadores ajudam a salvar vidas, nos hospitais; a mitigar a fome, na agropecuária e na indústria; a sistematizar o saber, em laboratórios e salas de aula; enfim, a vencer as dificuldades diárias do homem, através da utilização dos chips nos automóveis, aviões, eletrodomésticos, semáforos e outros meios. Nisto, vê-se a intervenção divina em favor do bem estar da humanidade.

A informatização não é modismo, é necessidade. No aspecto organizacional, o computador é de extrema utilidade na igreja, como o é nas diversas organizações seculares. Desde as atividades administrativas mais corriqueiras (cadastro de igrejas e congregações; cadastro de membros e congregados; expediente de secretaria; controle de patrimônio; emissão de relatórios financeiros e controle de receita e despesas) até as ações de evangelização, de ensino e atividades socioculturais, o uso do computador possibilita maior rapidez e melhoria na qualidade do trabalho; e, se corretamente utilizado, também pode reduzir custos operacionais, o que resulta em eficácia na administração eclesiástica.

Além do que, o desempenho pessoal do obreiro será melhorado na medida em que admitir e formar o hábito de uso do computador. O pastor não apenas pode consultar dados e informações da igreja, como também pode organizar sua agenda de compromissos diários utilizando os variados programas existentes no mercado. Em depoimento publicado pela Revista SEARA (edição de maio/1997), o saudoso pastor Fernando Granjeiro (ex-presidente da AD em Roraima) destacou variados usos que fazia do computador, inclusive como uma forma de integrar sua igreja pela Internet, em meio ao gigantismo territorial do norte brasileiro.

Após anos de uso diário do computador, este autor formou o hábito de ler e estudar a Santo Livro, elaborar estudos bíblicos, preparar aulas e palestras utilizando os recursos da multimídia. Os resultados são mais satisfatórios que os anteriormente obtidos através da forma tradicional de trabalho. Se, antes, havia algumas poucas versões da Bíblia nas estantes e bibliotecas, hoje é possível reunir em um só CD-ROM dezenas de edições, nas mais diversas línguas faladas em todo o mundo (a exemplo da "Bíblia Online", da SBB, com 47 Bíblias completas, em 12 idiomas diferentes, acrescidos de mais de 40 volumes de comentários; ou o CD-ROM "Bíblia de Estudo Pentecostal", da CPAD, dotada de efeitos multimídia, cerca de 60.000 hiperlinks, vídeos e uma grande variedade de textos e estudos complementares).

Mesmo um mediano conhecedor da computação pode usar esse potencial. Entretanto, os obreiros reacionários à informática terão dificuldades. As instituições governamentais, a própria igreja e a sociedade, em geral, exigirão mentes menos arcaicas.

Da mesma forma que não se deve admitir o pecado do mundo, não se deve desprezar o que de bom nele existe, sob pena de tornar-se réu do inexorável julgamento da história.

2.2 – Esclarecendo alguns pontos importantes

Antes de aprofundar o tema "informatização de igrejas", é conveniente esclarecer alguns pontos fundamentais para o sucesso de qualquer projeto desse tipo:

1 - O homem precede a máquina, tal como Deus precede o homem; ainda que o homem cresça até a estatura da perfeição (2Tm 3.17; Ef 4.13), continuará sendo homem, pois ele jamais será Deus. Semelhantemente, por mais aperfeiçoada que seja a máquina continuará sendo máquina, incapaz de substituir plenamente o homem.

2 - Da mesma forma que o homem é criatura de Deus, o computador é criatura do homem: idealizado para agilizar e simplificar operações rotineiras, melhorar suas condições de trabalho e, por conseguinte, elevar sua qualidade de vida.

3 – A informatização não encerra uma fase no desenvolvimento organizacional; ela abre novas possibilidades e facilita a continuidade de um processo. A informática não é um "fim", é um "meio" para que seja alcançado um universo de fins.

4 – Não se deve alimentar falsas expectativas de que o computador traga a solução para todos os problemas organizacionais. Só a visão competente e inspirada do administrador eclesiástico será capaz de empreender soluções.

5 – O uso do computador é simples e acessível a todos as pessoas devidamente instruídas e treinadas para tal. Mesmo que surjam bloqueios iniciais nesse relacionamento homem-máquina, nenhum deles persistirá após um curto período de contato diário.

Isto assimilado, é possível tratar-se da informatização de igrejas, sem mitos ou barreiras.

2.3 - Por que informatizar?

Por várias razões! Eis algumas delas:

1.   Quem não se informatizar ficará isolado

A sociedade muda, evolui, avança de forma inexorável. Os fantásticos avanços da tecnologia e da ciência contemporâneas são rapidamente incorporadas pelas mais diversas organizações humanas, que se modernizam cada vez mais, na proporção em que dispõem de novas ferramentas em seu arsenal de trabalho. As que não acompanharem esse processo, serão tragadas no caudal da competitividade.

As igrejas não poderão fugir de inúmeras exigências da sociedade atual, onde o dinheiro eletrônico, a comunicação virtual e várias outras tecnologias desenvolveram-se ao ponto de sequer parecem com os modelos que lhes deram origem. Da mesma forma que não puderam isentar-se do uso do rádio, do telefone, da televisão e do telefax, as igrejas não terão como fugir do computador.

A informatização tem se tornado tão natural na vida moderna que, desapercebidamente, integra-se ao cotidiano das pessoas através de serviços básicos como energia elétrica, abastecimento água, telefonia, no serviço de som, meios de transporte... O microcomputador é apenas uma gota d’água nesse lago profundo. Mas, quem esnobá-lo terá dificuldades em manter-se ativo no cenário atual.

As igrejas carecem dos recursos da tecnologia para auxiliá-las no cumprimento do papel que lhe cabe na sociedade.

2.   Quem não se informatizar será ultrapassado

A concorrência existe, em qualquer ramo de atividade. Apesar de todo o sentimento fraternal preconizado entre igrejas, não adianta disfarçar a competitividade natural entre elas, visível e perceptível, em todas as épocas e lugares.

A exemplo das demais organizações, as igrejas necessitam de agilidade para superar os desafios que se apresentam às organizações modernas. E a informatização é um forte aliado nessa batalha.

3. A igreja que não se conhecer bem tenderá a afastar-se dos seus próprios ideais

As igrejas são constituídas por pessoas que se agregam de forma associativa, em número cada vez maior. Esse associados, constantemente, mudam suas características pessoais (categoria de membro, status ministerial, nível sócio-econômico, estado civil, domicílio residencial e profissional, entre outras). Para que haja relativo controle, fácil acesso e atualização permanente dessas informações, nada mais racional que a formação de um banco de dados que permita à liderança atender melhor aos anseios da membresia.

4. As igrejas diversificam suas ações e não devem perder o controle sobre as entidades a si vinculadas

Geralmente, as igrejas não limitam suas atividades ao campo puramente "espiritual". São comuns as incursões pelas áreas assistencial, educacional e de comunicação. A informática oferece diversos recursos que permitem a integração dessas entidades, facilitando o acompanhamento e o controle das mesmas pelas igrejas.

Ademais, o computador facilita o acesso a informações e agiliza a emissão de uma série de documentos rotineiros nas igrejas, tais como: correspondências, cartões de membro, listagem de membros, listagem de obreiros, credenciais de ministros e obreiros em geral, relatórios financeiros, gráficos e tabelas relativas às mais diversas atividades eclesiásticas;

O computador agiliza cálculos e elabora planilhas relacionadas a algumas atividades mais complexas, tais como: orçamentos, balanços e balancetes financeiros, controle de despesas, controle de transportes, estoques e patrimônio, etc.

Afinal, ele reduz algumas rotinas de trabalho que são por demais enfadonhas, em quaisquer atividades burocráticas.

2.4 - Qual o momento certo para informatizar?

O processo de informatização de qualquer empresa deve ser precedido de duas fases:

1 - Fase de organização interna.

  • É fundamental organizar-se para informatizar-se. É indispensável que se faça:

  • Um cuidadoso estudo de todas as rotinas de trabalho na igreja (de preferência, por profissionais da área organizacional);

  • Um projeto de informatização, baseado no estudo acima;

  • A adequação de um ambiente físico para o gerenciamento das atividades de informática (núcleo de processamento de dados).

2 – Fase de preparação humana.

É necessário que haja na igreja alguém que saiba operar o computador e seus periféricos. Observa-se, com relativa freqüência, equipamentos subtilizados pelo simples fato de que ninguém sabe operá-los conveniente e potencialmente.

Dessa forma, antes da informatização, deve-se proceder a capacitação de pessoas para esse fim. É recomendável que esse treinamento atenda, prioritariamente, aos seguintes objetivos :

  • Conhecer os fundamentos da informática e da microinformática;

  • Usar os equipamentos a serem adquiridos pela igreja (hardware);

  • Usar as principais ferramentas para a área organizacional (softwares): editor de texto, editor gráfico, planilha eletrônica e gerenciador de banco de dados;

  • Usar outras ferramentas definidas pela equipe de informatização.

Conclusões tiradas por expertos na área organizacional, permitem apontar, entre outras, as seguintes vantagens advindas do uso da informática na atividade burocrática:

1) maior produção;

2) melhor qualidade nos serviços;

3) desenvolvimento de novas capacidades pessoais;

4) sentimento pessoal de importância do trabalho;

5) elevação do grau de responsabilidade dos funcionários;

6) ampliação da variedade e do âmbito das tarefas.

2.5 - Comunicação virtual

A Internet veio para ficar! Cada dia mais isto se evidencia, na medida em que a "grande rede" faz sentir sua influência em alguns setores da sociedade, principalmente, ao ditar as tendências da informática, neste início de século e milênio.

Nas igrejas, ainda existem alguns fundamentalistas que associam a idéia a "coisa do Maligno", mas a maioria dos líderes está assimilando a Internet e utilizando os recursos desse novíssimo e poderoso meio de comunicação, caminho para o ingresso na chamada Era da Informática.

Que benefícios podem ser extraídos da Internet? Os recursos que a rede dispõe são tantos que qualquer proposta de enumerá-los ou listá-los sempre conterá omissões. Entretanto, para ilustração e esclarecimento, vale a pena correr esse risco.

a) No caso do "usuários passivos" (igreja ou pastor que se associa a um provedor, tem seu próprio endereço eletrônico, mas não divulga suas características através da rede):

Transferência de mensagens e arquivos a outros usuários;

Pesquisa em milhares de órgãos e instituições catalogados na rede, sobre os mais variados assuntos (missões transculturais; evangelização regional ou local; ensino e educação cristã; além de eventos diversos);

Consulta sobre endereço e outras informações relacionadas a convenções, igrejas e líderes evangélicos que fazem autopromoção pela rede, em todo o mundo;

Acesso gratuito a diversos arquivos e softwares oferecidos pela rede.

b) No caso de "usuários ativos" (igreja ou o pastor que se associa a um provedor e passe a divulgar endereço eletrônico, home page e outras informações através da rede).

Nessa situação, poderá extrair da Internet outros benefícios, além dos citados no item anterior, tais como:

Endereço eletrônico (e-mail), divulgado em todo o mundo;

Apresentação e divulgação de assuntos de interesse próprio, através de páginas eletrônicas (home pages);

Conversação direta multi-canal e multi-usuário, através de diálogos curtos (pages);

Participação em teleconferências.

Este autor mantém um domínio (www.gilson.pro.br) na Internet e um site exclusivamente voltado para o atendimento espiritual dos internautas (Gabinete Virtual Pr. Gilson) No primeiro ano, cerca de 6.000 pessoas visitaram essa página, o que dá uma média de 8 visitas/dia; algumas dessas, por mera especulação e curiosidade. Entretanto, boa parte – inclusive residentes em outras países – o fez por necessidade interior. Centenas de pessoas remeteram e-mail pedindo orientação espiritual ou solicitando esclarecimentos sobre textos das Escrituras. Todos receberam respostas, no máximo, em 48 horas.

Obviamente, não é muito! Porém, esse espaço tornar-se-á maior na medida em que os cristãos assumirem esse novo ministério, notadamente aqueles irmãos que não integram o Ministério tradicional.